O uso de medicamentos para disfunção erétil, como Viagra, Tadalafila e Levitra, tem se tornado cada vez mais comum entre jovens, mesmo na ausência de diagnóstico médico para disfunção erétil.
Algumas pesquisas demonstram que as principais motivações para o uso são: curiosidade, o prolongamento da ereção e a melhora da performance.
É um sonho essa ideia de que poderíamos comprar nosso desejo na prateleira de uma farmácia.
Ou, o que está se tornando cada vez mais comum, de um distribuidor, aquele amigo da roda que de forma muito conveniente se ocupa por fazer uma compra grande e revender para os colegas. Uma cumplicidade masculina em torno desse sonho de controle.
O sonho do ideal da performance e da escolha de quais gostos sexuais despertariam a excitação e os fariam gozar. É claro que isso é um sonho, já que esses gostos não são deliberados, eles se impõe ao corpo e atormentam muita gente que quereria querer outros gostos.
Esse sonho de ter um botão que poderia ligar e desligar o órgão na hora certa. Nessa situação sim, nessa outra não.
Estou com uma mulher que acho que deveria gostar, mas não sinto nada, vou ligar.
Briguei com meu marido, o que me deixa totalmente brochado, mas acho que deveria transar para melhorar a relação, tomo uma pílula.
Finalmente aquela mulher que tanto sonhei me deu bola, e agora tô tão nervoso que não sinto nada além de ansiedade, ligo o botão.
Tenho um desejo por trans, mas quero fazer um casamento cis, ligo.
A notícia não tão boa para esses homens é que esse sonho vai até a página 2. Eles podem se enganar por muitos anos, mas o preço sempre aparece uma hora ou outra. A pílula não resolve esse problema. Eles podem tomar 1, 2, 3 pílulas ou quantas forem, se não tiver uma pitada de desejo, não é possível fazer nada a respeito.
Isso não é no mínimo curioso? Será que não deveríamos tentar entender o que isso quer dizer?
As cartas estão na mesa, essa impossibilidade nos leva ao fato de que tem algo que é soberano ao nosso querer consciente, precisamos escutar essa parte de nós que diz da nossa verdade mais íntima, é preciso escutar mais nosso corpo, nossas fantasias, nossas limitações e desgostos. Soltar essa rédea ilusória do controle, fluir e fruir com o corpo.
É preciso humildade para perceber que somos insignificantes perante nossos dois senhores: nosso corpo e nosso inconsciente, eles também fazem parte de quem somos.
Esse é um bom caminho para se livrar dessas pressões para manter ereção, manter relacionamento, manter performance ou manter uma masculinidade no grupo de amigos…